Luz verde à expansão do Metro de Lisboa, luz vermelha à Construção 4.0
A propósito da notícia da emissão pelo Tribunal de Contas dos vistos prévios favoráveis aos contratos dos lotes 2 e 3 do plano de expansão do Metro de Lisboa. Estes contratos referem-se à expansão das linhas Amarelas e Verde da rede actual.
Estes contratos ainda não contemplam a expansão da rede a mais freguesias e concelhos limítrofes permitindo assim que o Metro venha a ser uma verdadeira alternativa ao transporte individual nos concelhos de Loures e Amadora ...
https://www.am-lisboa.pt/documentos/1495700218E7tAT4bo3Ir71XV3.pdf
Mas o tema desta reflexão nem é tanto a execução ou não da dita expansão ou das suas virtudes e defeitos, mas sim algo relacionado com o lançamento dos concursos e a posterior execução em si. A questão que desejo salientar é a aplicação da 4ª revolução industrial ao sector da construção, ou seja a Construção 4.0 .
O que é isto da Construção 4.0? No fundo é a aplicação de novos métodos tecnologicamente evoluídos ao sector, desde o planeamento; projecto; construção e manutenção. Ou seja, ao longo de toda a vida útil da obra (inclusive na fase de exploração e posterior demolição).
Com estes métodos existirá uma colaboração mais activa entre todos os participantes, desde o projectista ao dono de obra e à entidade licenciadora. Pretende-se que os problemas detectados na fase de construção sejam diminuídos, que as habituais derrapagens orçamentais sejam também diminuídas.
É todo um novo paradigma, toda uma revolução aplicada à construção, que caso não a acompanhemos ficaremos para trás. Tal como ficaram para trás empresas e países que não acompanharam a primeira revolução industrial ou que recentemente não se adequaram às novas tecnologias. Corremos o risco de toda a administração pública ficar obsoleta, perder competitividade nas empresas de construção, com tudo o que isso implica em termos económicos e sociais.
Por toda a Europa e Mundo está-se a transitar para esta nova forma de trabalhar. Em Portugal, como sempre temos um desfasamento em relação aos restantes países, e não se julgue que temos esse desfasamento em relação ao que pensamos serem os países do primeiro mundo, também vários da Ásia e América Latina estão a modernizar-se nesta indústria, enquanto Portugal marca passo. Existem algumas exepções a este cenário, mas são a excepção, não a regra.
Esta revolução liderada pela metodologia BIM, implica vários desafios importantes, como por exemplo:
Ambiente macroeconómico
Alteração de contratos e concursos
Alterações legislativas
Formação de trabalhadores
Modernização de empresas e administração pública
Digitalização
...
Concluindo, já não vamos a tempo para os contratos aprovados recentemente para a expansão da rede, mas vamos a tempo para que os futuros contratos sejam já com metodologia BIM. Assim como outras grandes obras como seriam os Aeroportos; Portos; Estradas e Ferrovias, assim como os lançamentos de outros concursos por parte da Infraestruturas de Portugal. Esta é uma mudança de anos não de meses, mas que se não a iniciarmos com seriedade só a concluiremos com um desfasamento de oportunidades face à concorrência.
É preciso mais acção e não apenas "grupos de trabalho".
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