Um gigante encalhado, globalismo encalhado
O caso do navio Ever Given encalhado no canal do Suez, põe a nu as fragilidades da logística globalista do lucro.
É preciso um encalhado, para a Europa questionar onde foi parar a sua produção. O ciclo do custo de produção de matérias, salários baixos, baixo stock teve um rombo.
Os navios se contornarem agora Africa pelo Cabo das Tormentas (sei, Cabo da Boa Esperança, as tormentas são adequadas a este tempo), aumentam os custos e os potenciais riscos.
Talvez possamos vir a ter quebras de fornecimento, ou a somar à escassez de componentes eléctricos que se faz sentir devido à Pandemia, que por exemplo a AutoEuropa para 2 semanas em vez de uma. Não é apenas o navio encalhado, são os 300 ou 400 que estão impedidos de passar.
Era uma boa oportunidade (juntamente com a pandemia) de se pensar um pouco como temos a produção a funcionar, e como queremos que ela funcione no futuro.
Junto a isto, um pouco em tangente, o engano da economia verde. Compram um carro eléctrico, com componentes asiáticos, ou montado na Ásia, e ficam contentes que do escape não sai nada. Enquanto mineiros exploram intensivamente minas de cobre na América do Sul, agredindo irremediavelmente o Ambiente, enquanto indústrias criam componentes e montam carros na Ásia com (ou sem) balizas ambientais muito mais largas que a Europa (venham depois falar dos acordos de Paris...). E nem se imagina onde vão parar os resíduos de baterias e dos restantes componentes, com matérias que o Mundo não sabe reciclar. Semelhante ao varrer o lixo para baixo do tapete, varre-se a poluição para lá da fronteira. E somos verdes. Mas os empregos verdes não existem, ou melhor tornam-se empregos "castanhos" na Ásia. Castanho de poluição diga-se.
Boa noite.
Foto:
https://www.marinevesseltraffic.com/2013/02/cargo-ship-tracking.html
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